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A paixão pela agricultura urbana é compartilhada por venezuelanos no Brasil e na Argentina

Comunicados à imprensa

A paixão pela agricultura urbana é compartilhada por venezuelanos no Brasil e na Argentina

4 Junho 2024
Leonardo é integrante do Comitê Jovem do Centro de Sustentabilidade de Boa Vista, em Roraima. ©ACNUR/Jeoffrey Guillemard

Uma região cercada por vastos campos de girassóis, milho e cana-de-açúcar foi onde Abelis, de 29 anos, cresceu. Seu amor pela natureza a levou a estudar engenharia agronômica para dar continuidade ao seu desejo de viver e trabalhar no campo, cuidando da terra e dos animais.

Ao buscar a condição de refugiada na Argentina, ela enfrentou desafios ao tentar se estabelecer em um novo país, encontrando no trabalho um meio de crescimento profissional e social. Na Loopfarms, uma empresa inovadora que promove a agricultura sustentável, ela encontrou não apenas um emprego, mas uma paixão. Depois de trabalhar cinco meses como estagiária, agora ela supervisiona a produção de microgreens e cogumelos comestíveis em uma das instalações da empresa.

A missão da startup é revolucionar a agricultura urbana e promover um modelo de produção de alimentos sustentável. A empresa utiliza tecnologia de ponta, como biogás e hidroponia, para cultivar microgreens em ambientes internos, aproveitando ao máximo o espaço disponível nas áreas urbanas.

Abelis mostra os resultados de parte da sua rotina diária em Córdoba, na Argentina. ©ACNUR/Markel Redondo

"Eles não precisam de muita água e terra, e seu ciclo de produção é mais curto", explica Abelis.

A Loopfarms coleta resíduos orgânicos gerados por restaurantes próximos para produzir biofertilizantes, que são então usados para alimentar os brotos. "Trata-se de aproveitar recursos que teriam sido perdidos, através da reciclagem de resíduos orgânicos", diz o colega de Abelis, Mauro.

No Brasil, uma iniciativa implementada em 2022 segue despertando o interesse entre jovens venezuelanos. Localizado na capital de Roraima, Boa Vista, o Centro de Sustentabilidade é um espaço onde a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) desenvolve ações de soluções ecológicas para a produção sustentável de alimentos.

Os mais engajados na iniciativa são os jovens que compõem o Comitê Jovem de Sustentabilidade dos abrigos. O grupo organiza discussões sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e reflete sobre a implementação de soluções de responsabilidade ambiental adequadas para a localidade, garantindo que elas estejam conectadas às possibilidades naturais do entorno. Eles mobilizam pessoas nas atividades de compostagem, biodigestores, aquaponia e manejo de um canteiro e arboreto.

Desde o início do projeto, mais de 5 mil mudas de árvores já foram doadas para o reflorestamento de abrigos e áreas públicas em Boa Vista, capital de Roraima, estado com o maior fluxo de pessoas refugiadas e migrantes que, em média, segue recebendo cerca de 300 pessoas por dia.

“Aqui, no Centro de Sustentabilidade, aprendemos e temos experiências práticas sobre agricultura, tivemos encontros de atividades, fomos a laboratórios, conhecemos mais sobre plantas. Foi muito divertido”, conta Leonardo, integrante do Comitê Jovem de Sustentabilidade e eleito representante do grupo.

Globalmente, a agricultura e a produção de alimentos geram quase um terço das emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Em contraste, os trabalhos de Abelis e de Leonardo estão mitigando as mudanças climáticas ao usar transporte, terra e água mínimos para produzir alimentos que são embalados em recipientes retornáveis para evitar o desperdício de plástico.

Apesar dos desafios que enfrentam, pessoas refugiadas estão desempenhando um papel importante na ajuda às suas comunidades para se adaptarem às ameaças da crise climática. Com o apoio certo, elas adotaram práticas sustentáveis e lançaram iniciativas para proteger os ecossistemas locais e construir resiliência. O envolvimento delas é crucial em meio a uma crise que está afetando o mundo inteiro, mas impacta particularmente as pessoas vulneráveis que vivem em regiões afetadas por conflitos e desastres.

Atualmente, no Rio Grande do Sul, uma equipe do ACNUR especializada em gestão de abrigos, documentação e prevenção de violência baseada em gênero está atuando nas áreas afetadas e está coordenando o recebimento de itens de socorro enviados, como 208 unidades emergenciais de habitação. A equipe também está fornecendo assistência técnica para facilitar a construção dos novos locais de abrigamento temporário e segue traduzindo as informações oficiais em diferentes idiomas para facilitar a tomada de decisões por parte de pessoas refugiadas e migrantes.