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Cirurgião do Sudão do Sul vence Prêmio Nansen para Refugiados do ACNUR

Comunicados à imprensa

Cirurgião do Sudão do Sul vence Prêmio Nansen para Refugiados do ACNUR

25 Setembro 2018
O cirurgião sul-sudanês Evan Atar é o vencedor do Prêmio Nansen para Refugiados do ACNUR de 2018. Ele é a única alternativa de assistência de saúde para mais de 200.000 pessoas, incluindo 144.000 refugiados. © ACNUR/ Will Swanson

Brasília, 25 de setembro de 2018 (ACNUR) - O cirurgião do Sudão do Sul, Dr. Evan Atar Adaha, foi nomeado o vencedor do Prêmio Nansen para Refugiados do ACNUR em 2018.

Conhecido como Dr. Atar, ele está sendo homenageado por seu extraordinário compromisso de 20 anos no atendimento médico à pessoas forçadas a fugir de conflitos e perseguições no Sudão e no Sudão do Sul, bem como às comunidades que as acolhem.

O Dr. Atar mora em Bunj, no nordeste do Sudão do Sul, onde administra o único hospital em funcionamento. Ele e sua equipe atendem mais de 200 mil pessoas, sendo 144 mil refugiados do estado do Nilo Azul do Sudão e cerca de 53 mil moradores do Condado de Maban, no Sudão do Sul.

Em Maban, sua equipe realiza, em média, 58 operações por semana em condições difíceis, com suprimentos e equipamentos limitados. Não há abastecimento de anestesia geral, o que significa que os médicos trabalham com injeções de cetamina e epidurais na coluna vertebral.

A única máquina de raio-x está quebrada, a única sala cirúrgica é iluminada por uma única lâmpada e a eletricidade é fornecida por geradores que frequentemente param de funcionar. Como esse é o único hospital no norte do estado do Nilo, muitas vezes fica lotado e as filas de pacientes se estendem ao ar livre.

O Sudão do Sul, país mais jovem do mundo, conquistou a independência do Sudão em 2011, após um referendo pacífico.

Uma guerra civil, já em seu quinto ano, criou a pior emergência de refugiados no Sudão do Sul em termos de números e a terceira maior crise de refugiados do mundo. É a situação de refugiados que mais cresce na África. Quase 1,9 milhão de pessoas são deslocadas internas e outras 2,5 milhões buscaram refúgio em países vizinhos.

“A crise no Sudão do Sul teve um impacto devastador para milhões de pessoas que foram arrancadas de suas casas e cujas vidas foram dilaceradas por conflitos, violência e insegurança alimentar”, disse Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para Refugiados. “No entanto, mesmo em meio à tragédia, surgiram atos de heroísmo e de serviço aos outros”.

“O trabalho do Dr. Atar durante décadas de guerra civil e conflito é um exemplo brilhante de profunda humanidade e altruísmo. Através de seus esforços incansáveis, milhares de vidas foram salvas e incontáveis homens, mulheres e crianças ganharam uma nova chance de reconstruir seus futuros”.

“Muitas vezes arriscando sua própria segurança, sua dedicação em servir vítimas de guerra e conflito tem sido extraordinária e merece atenção e reconhecimento global”.

Originalmente de Torit, uma cidade no sul do Sudão do Sul, Dr. Atar ganhou uma bolsa para estudar medicina em Cartum, no Sudão, e depois trabalhou no Egito. Em 1997, quando a guerra devastou o estado do Nilo Azul no Sudão, Dr. Atar se ofereceu para trabalhar lá, estabelecendo seu primeiro hospital em Kurmuk, no coração de um conflito de larga escala, muitas vezes sob bombardeio aéreo.

Em 2011, o aumento da violência forçou o Dr. Atar a fazer as malas em seu hospital no estado do Nilo Azul, fugindo com sua equipe e todos os equipamentos que pudessem transportar, em uma jornada que durou cerca de 30 dias.

Chegando em Bunj, ele montou sua primeira sala cirúrgica em um centro de saúde local abandonado, empilhando mesas para criar uma mesa cirúrgica elevada. Desde a sua criação, o Dr. Atar trabalhou incansavelmente para garantir o financiamento do hospital e treinar outros jovens para se tornarem enfermeiros e parteiras.

Em 2017, os refugiados respondiam por 71% dos pacientes cirúrgicos, mas o compromisso em tratar todos aqueles com necessidades médicas, independentemente de sua origem, conferiu ao Dr. Atar o respeito dos refugiados e das comunidades locais.

“Tratamos todos aqui, independentemente de quem sejam - refugiados, deslocados internos, comunidade de acolhimento”, diz o Dr. Atar. “Fico muito feliz quando percebo que o trabalho que fiz ajudou alguém ou salvou sua vida”.

Dr. Atar trabalha, às vezes, 48 horas sem parar e está sempre de plantão. O sacrifício pessoal que ele faz é enorme. Ele vive em uma tenda de lona perto do hospital e sua família está em Nairóbi, no Quênia. O médico visita sua família três vezes por ano, durante curtas pausas, para se recuperar de seu exaustivo trabalho.

O Sudão do Sul abriga cerca de 300 mil refugiados, dos quais 92% são sudaneses das regiões do Cordofão do Sul e do Nilo Azul, próximos à fronteira com o Sudão do Sul.

Atualmente, o ACNUR possui apenas 15% dos recursos necessários para lidar com essa emergência e fornece financiamento para o trabalho do Dr. Atar por meio de uma organização parceira, a Samaritan’s Purse.

O ACNUR e a Samaritan’s Purse vêm trabalhando juntos desde 2012 para oferecer atendimento médico no hospital de Maban, na ausência de serviços nacionais em funcionamento. Desde sua inauguração, em 2012, o hospital passa por melhorias a cada ano, mas é necessário mais.

O Prêmio Nansen do ACNUR homenageia pessoas que prestam serviços extraordinários aos deslocados à força. Entre os últimos vencedores, estão a irmã Angelique Namaika, da República Democrática do Congo, Zannah Mustapha, advogada e mediadora do estado de Borno, no nordeste da Nigéria, e o serviço da organização Hellenic Rescue e Efi Lafsoudi, da aldeia de Pikpa, na ilha de Lesbos, na Grécia.

A cerimônia de premiação de 2018 será realizada no dia 1º de outubro em Genebra, na Suíça, com uma palestra dada pela Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR e atriz, Cate Blanchett, e organizada pela atriz sul-africana e defensora da campanha LuQuLuQu do ACNUR, Nomzamo Mbatha.

A cerimônia deste ano tem uma programação incrível: o mundialmente renomado tocador de cítara Anoushka Shankar, o bailarino sírio Ahmad Joudeh e a popstar norueguesa Sigrid. A apresentadora de rádio e televisão britânica, Anita Rani, também fará uma transmissão ao vivo da cerimônia no Facebook.

 

Nota ao editor

Materiais de imprensa, incluindo fotos e vídeos estão disponíveis no link: www.unhcr.org/media-nansen-refugee-award-2018

Contatos para a imprensa

Genebra: Stephen Pattison, [email protected], 020 239 8275

Genebra: Babar Baloch, +41 79 513 9549, [email protected]

Nairobi: Dana Hughes, +254 (0) 733 44 0536, [email protected]

Juba: Eujin Byun, +211 922 405 683, [email protected]

Sobre o Prêmio Nansen para Refugiados do ACNUR

O Prêmio Nansen do ACNUR reconhece o admirável trabalho humanitário em nome das pessoas em situação de refúgio, deslocados internos ou apátridas. O prêmio inclui uma medalha comemorativa e uma compensação de 150 mil dólares doados generosamente pelos governos da Suíça e da Noruega. Em estreita consulta com o ACNUR, o ganhador usa essa quantia para financiar um projeto que complementa seu trabalho existente.

O programa Prêmio Nansen é financiado em parceria com o governo suíço, o governo norueguês, o Conselho de Estado da República e o Cantão de Genebra, o Conselho de Administração da Cidade de Genebra e a Fundação IKEA.

Sobre o ACNUR

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), lidera a ação internacional para proteger pessoas forçadas a fugir de suas casas por causa de conflitos e perseguição. Prestamos assistência primordial como abrigos, alimentação e água, ajudamos a garantir os direitos humanos fundamentais e desenvolvemos soluções que visam assegurar que as pessoas tenham um lugar seguro para viver, onde possam construir um futuro melhor. Também trabalhamos para garantir que pessoas apátridas tenham uma nacionalidade.