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ONU alerta para o agravamento de conflitos e deslocamento forçado na região do Sahel sem ação climática imediata

Comunicados à imprensa

ONU alerta para o agravamento de conflitos e deslocamento forçado na região do Sahel sem ação climática imediata

16 Novembro 2022
Mulher rega vegetais em uma horta estabelecida em terreno anteriormente degradado em Ouallam, Níger. A horta é compartilhada por pessoas refugiadas, pessoas internamente deslocadas e moradores locais. © ACNUR/Colin Delfosse

Sem investimento urgente na mitigação e adaptação climática, países na região africana do Sahel correm o risco do agravamento de conflitos armados e do deslocamento forçado, exacerbados pelo aumento de temperaturas, escassez de recursos e insegurança alimentar, alertam o Coordenador Especial da ONU para o Desenvolvimento do Sahel e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

De acordo com relatório “Moving from Reaction to Action: Anticipating Vulnerability Hotspots in the Sahel” (“Da reação à ação: antecipando pontos críticos de vulnerabilidade no Sahel”), caso a emergência climática permaneça sem controle, ela colocará as comunidades sahelianas em maior perigo, enquanto enchentes devastadoras, secas e ondas de calor dizimam o acesso à água, alimentos e meios de subsistência, e amplificam o risco de conflitos. Este cenário forçará mais pessoas a deixarem suas casas.

“No Sahel, a crise climática está alinhada com a crescente instabilidade e baixo nível de investimentos em desenvolvimento, ao sobrecarregar as comunidades sahelianas e com o risco adicional de comprometer a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, afirmou o Coordenador Especial da ONU para o Desenvolvimento do Sahel, Abdoulaye Mar Dieye. “Existem soluções, focadas na autonomia das pessoas e nos investimentos em escala, mas elas requerem comprometimento e dedicação de todas as partes, assim como dados e análises corretas para saber o que está por vir, a fim de executar respostas proativas e de impacto”.

O relatório examina os 10 países cobertos pela Estratégia Integrada da ONU para o Sahel e seu Plano de Apoio na África Ocidental e Central – Burkina Faso, Camarões, Chade, Gâmbia, Guiné, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria e Senegal.

Comunidades do Sahel dependem da agricultura e do pastoreio, atividades altamente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas. A insegurança alimentar já está aumentando na região, atingindo níveis emergenciais em certas áreas. A longo prazo, as produções de milho, painço e sorgo devem diminuir devido às mudanças climáticas, desgastando a resiliência das populações locais.

“O aumento das temperaturas e climas extremos no Sahel estão agravando os conflitos armados, por sua vez já comprometendo os meios de subsistência da população, agravando a insegurança alimentar e provocando deslocamentos forçados”, disse o Conselheiro Especial do ACNUR para a Ação Climática, Andrew Harper. “Somente um impulso coletivo na mitigação e adaptação climática pode aliviar as consequências humanitárias atuais e futuras”.

Mesmo com políticas ambiciosas de mitigação do clima, está previsto que as temperaturas no Sahel subam 2.5ºC até 2080. Se uma ação urgente for adiada ainda mais, elas poderão subir até 4.3ºC. Apesar das tendências negativas, o Sahel é dotado de recursos naturais abundantes. A região está situada em um dos maiores aquíferos da África e tem imenso potencial para energias renováveis, incluindo uma abundante capacidade de energia solar, e uma população jovem dinâmica – cerca de 64% da população do Sahel têm menos de 25 anos de idade.

Se ações ousadas de mitigação e adaptação climática forem iminentemente tomadas para apoiar os países e comunidades sahelianas, e a colaboração entre os pilares humanitários, de desenvolvimento e de construção de paz for priorizada, há um vasto potencial para transformar a trajetória da região.

Para mais informações sobre este tópico, favor entre em contato:

Para o ACNUR:

Para o Escritório do Coordenador Especial da ONU para o Desenvolvimento no Sahel:

Sobre o projeto Análises Preditivas no Sahel

O projeto Análises Preditivas no Sahel, no qual o relatório se baseia, visa orientar os tomadores de decisão, antecipando e identificando rapidamente onde os múltiplos riscos se sobrepõem para permitir uma melhor preparação e apoiar a análise de contexto, planejamento, treinamento e capacitação, ao mesmo tempo em que delineia a necessidade de dados adicionais.

A iniciativa de análise preditiva é financiada pelo Ministério das Relações Exteriores da Alemanha e facilitada pelo ACNUR em apoio ao Escritório do Coordenador Especial da ONU para o Desenvolvimento no Sahel. Ela foi iniciada pelo Comitê de Programas de Alto Nível (HLCP) e posteriormente pelo Conselho de Coordenação de Executivos Chefes (CEB) como a primeira abordagem do sistema ONU que combina aprendizagem por máquinas, modelagem preditiva e prospectiva estratégica para identificar pontos de risco no Sahel.

O relatório compila previsões de curto, médio e longo prazo a partir de uma série de fontes de dados e metodologias fornecidas por um consórcio de 19 organizações líderes internacionais que rastreiam as interações e os ciclos de mudanças climáticas, segurança alimentar, conflito, migração e deslocamento forçado. Essas organizações são: Adelphi, the Climate Hazards Center (CHC) at University of California Santa Barbara, the Barcelona Centre for International Affairs (CIDOB), the Center for International Earth Science Information Network at Columbia University (CIESIN), Colorado State University (CSU), Institute for Demographic Research (CIDR) at the City University of New York (CUNY), Danish Refugee Council (DRC), German Council on Foreign Relations (DGAP), European Centre for Development Policy Management (ECDPM), Institut de Formation et de Recherche Démographiques (IFORD), Initiative Prospective Agricole et Rurale (IPAR), Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK), the Prediction-Visualisation-Early Warning team (PREVIEW) at the German Federal Foreign Office (FFO), United Nations Department of Economic and Social Affairs (UNDESA), United Nations University Centre for Policy Research (UNU-CPR), University of Kassel, the Violence Early-Warning System (ViEWS) project at Uppsala University, Walker Institute at the University of Reading, and the West African Science Service Centre on Climate Change and Adaptive Land Use (WASCAL).