Enquete destaca o impacto das mudanças climáticas na vida de refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil
Enquete destaca o impacto das mudanças climáticas na vida de refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil
Na semana em que o governo brasileiro organiza a 2ª Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia (Comigrar), uma enquete realizada com refugiados e migrantes da Venezuela que vivem no Brasil mostra que 5 em cada 10 dos participantes consideram que as mudanças climáticas já afetam gravemente aspectos essenciais de suas vidas, como saúde, alimentação e condições de trabalho. O levantamento foi realizado com 123 pessoas, através da plataforma digital U-Report Uniendo Voces, iniciativa da Plataforma de Coordenação Interagencial para Refugiados e Migrantes da Venezuela (R4V), e revela a percepção e impactos das mudanças climáticas para este público. Os resultados completos estão disponíveis no site da plataforma.
Os resultados mostram que 38% das 123 pessoas participantes já cogitaram se mudar novamente de seu lugar de residência como resposta a essas condições adversas. No aspecto emocional, os sentimentos predominantes em relação às mudanças do clima são ansiedade (34%) e medo (20%), reforçando a instabilidade que é recomeçar suas vidas em locais seguros.
Apesar desses desafios, a enquete aponta um forte interesse das pessoas ouvidas de engajamento: 83% dos respondentes manifestaram interesse em participar de atividades relacionadas às mudanças climáticas, seja através do voluntariado ambiental, de cursos de conscientização ou de ações coletivas de enfrentamento. Esses dados sugerem que, além de sentirem os impactos climáticos, refugiados e migrantes que responderam à enquete desejam fazer parte das soluções, contribuindo para mitigar as consequências das intempéries climáticas.
Os resultados reforçam a importância de considerar a perspectiva das pessoas refugiadas e migrantes no planejamento de políticas climáticas e sociais no Brasil. Apoiar essas populações, que já enfrentam múltiplos desafios, e incluir suas vozes na discussão sobre mudanças climáticas é essencial para a construção de soluções mais justas e inclusivas.
Os números da enquete não são representativos de toda a população venezuelana no país. O Brasil abriga hoje 585 mil pessoas vindas da Venezuela, segundo a R4V (agosto 2024), sendo o terceiro país da América Latina no fluxo de refugiados e migrantes venezuelanos, atrás apenas da Colômbia e Peru, respectivamente.
Nesta semana, entre sexta (8) e domingo (10), será realizada a 2ª Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia, organizada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em Brasília.
Sobre o U-Report Uniendo Voces
O U-Report Uniendo Voces é uma ferramenta de informação e participação social para jovens e adolescentes refugiados e migrantes da Venezuela que vivem no Brasil. As enquetes são realizadas virtualmente pelo WhatsApp e Facebook Messenger, sempre de forma voluntária, gratuita e anônima. Por meio da interação com um chatbot chamado “Gigante”, os participantes também acessam informações atualizadas e confiáveis sobre serviços e direitos, incluindo documentação, saúde e educação. A iniciativa é ainda implementada pela plataforma R4V no Equador, Peru, Bolívia e México. Originalmente, o U-Report é uma ferramenta criada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em 2011, estando presente hoje em mais de 90 países. Os canais para interação no Brasil, onde o projeto é implementado pela Viração Educomunicação, são:
WhatsApp: https://bit.ly/36WEipC
Facebook: https://www.facebook.com/ureportuniendovoces/
Sobre a Plataforma R4V
A Plataforma de Coordenação Interagencial para Refugiados e Migrantes da Venezuela – R4V é um mecanismo de articulação entre agências do sistema das Nações Unidas e organizações da sociedade civil. A Plataforma R4V é composta por um conjunto de parceiros e tem como objetivo responder ao fluxo de venezuelanos na América Latina e no Caribe. No Brasil, é composta por 60 organizações parceiras, sendo liderada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Agência da ONU para as Migrações (OIM).