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Equipe Paralímpica de Refugiados faz história com duas medalhas em Paris 2024

Zakia Khudadadi (à esquerda) compete contra Nurcihan Ekinci, da Turquia, em luta para decidir quem leva a medalha de bronze.
Histórias

Equipe Paralímpica de Refugiados faz história com duas medalhas em Paris 2024

As conquistas de Zakia Khudadadi e Guillaume Junior Atangana demonstram a força e a resiliência dos atletas refugiados, com a conquista das primeiras medalhas em uma Paralimpíada após duas edições
8 Setembro 2024

Zakia Khudadadi (à esquerda) compete contra Nurcihan Ekinci, da Turquia, em luta para decidir quem leva a medalha de bronze.
 

Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 seguem acontecendo e a Equipe Paralímpica de Refugiados já alcançou marcos históricos com a conquista de duas medalhas de bronze que representam os esforços, a dedicação e a superação dos 120 milhões de pessoas deslocadas à força ao redor do mundo.  

A afegã Zakia Khudadadi e o camaronense Guillaume Junior Atangana, ambos atletas refugiados, foram agraciados em suas respectivas categorias, provando que as pessoas refugiadas têm o potencial de atingir seus sonhos caso oportunidades lhes sejam propiciadas. 

Zakia Khudadadi brilhou no Grand Palais na quinta-feira (29/08), conquistando o bronze na categoria K44-47kg do Para taekwondo. Em uma performance cheia de determinação, Zakia Khudadadi venceu sua adversária turca, Nurcihan Ekinci, nos últimos segundos da luta, garantindo a primeira medalha da história para a Equipe Paralímpica de Refugiados.  

Zakia Khudadadi, emocionada, pula nos braços de sua treinadora.

Zakia Khudadadi, emocionada, pula nos braços de sua treinadora.

“Estou tão, tão feliz porque hoje é o sonho da minha vida. Esta medalha é para todos os refugiados do mundo."

Zakia Khudadadi, medalhista paralímpica

Ela ganhou as manchetes após uma fuga angustiante, arriscando a vida para fugir de seu país poucos dias antes dos Jogos de Tóquio 2020. Ela vive na França desde então.  

Após a vitória, Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), a parabenizou. “Parabéns, Zakia, pela primeira medalha da história da Equipe Paralímpica de Refugiados! Estou muito orgulhoso de você; a medalha é sua”, disse. 

Essa conquista pavimentou o caminho para a segunda medalha da equipe, que veio no domingo (01/10) com Guillaume Junior Atangana, que se destacou no atletimos de 400 metros T11 masculino, conquistando o bronze. Com um tempo pessoal recorde de 50:89, ele mostrou ao mundo o poder da perseverança e da autoconfiança.  

Guillaume Junior Atangana (terceiro à direita) e seu guia Donard Nyamjua (quarto à direita) cruzam a linha em terceiro lugar na final masculina dos 400m T11 no Stade de France, em Paris.

Guillaume Junior Atangana (terceiro à direita) e seu guia Donard Nyamjua (quarto à direita) cruzam a linha em terceiro lugar na final masculina dos 400m T11 no Stade de France, em Paris.

“Estou muito feliz por ter esta medalha. Isso mostra que o movimento paralímpico está impulsionando os refugiados e é uma honra para mim: escrevi meu nome na história." 

Guillaume Atananga, medalhista paralímpico

Durante a infância, a visão de Guillaume falhou gradualmente até que, aos 12 anos, ele perdeu completamente a visão, acabando com seus sonhos de jogar futebol profissional. Correr ajudou a restaurar sua confiança e seu amor pelos esportes.  

“Quando eu acabei de perder a visão, não foi fácil para mim; eu estava preocupado em andar. Mas quando eu corria, não me sentia preocupado”, disse ele. 

Ele disse que competir em Paris envia uma mensagem para outros refugiados e pessoas com deficiência de que “tudo é possível”. “Quero mostrar ao mundo que ser cego não significa que sua vida acabou; você ainda pode fazer grandes coisas”, afirma o atleta.

Zakia Khudadadi (última à direita) segura sua medalha de bronze ao lado de seus colegas medalhistas na entrega de medalhas do taekwondo K44 -47kg em Paris.

Zakia Khudadadi (última à direita) segura sua medalha de bronze ao lado de seus colegas medalhistas na entrega de medalhas do taekwondo K44 -47kg em Paris.

As histórias de Zakia e Guillaume são um testemunho da resiliência das pessoas refugiadas. Zakia, além de ter uma carreira esportiva, é uma defensora dos direitos das mulheres. Guillaume, após perder a visão, encontrou nas pistas de atletismo uma maneira de recuperar a confiança e o amor pelo esporte. 

Essas conquistas colocam a Equipe Paralímpica de Refugiados no mapa dos Jogos de Paris 2024, representando as esperanças e sonhos das pessoas forçadas a se deslocar ao redor do mundo, incluindo cerca de 18 milhões com deficiência.  

A equipe, que cresceu significativamente desde a primeira participação nos Jogos do Rio 2016, continua a mostrar ao mundo que as pessoas refugiadas, independentemente das adversidades, podem alcançar o topo de esportes de alto rendimento. 

Guillaume Junior Atangana e seu guia Donard Nyamjua no pódio paralímpico, após receberem a medalha de bronze.

Guillaume Junior Atangana e seu guia Donard Nyamjua no pódio paralímpico, após receberem a medalha de bronze.

O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, e a Vice-Alta Comissária do ACNUR, Kelly Clements, expressaram sua admiração e orgulho pelas conquistas dos atletas. “Zakia e Junior representam o que há de melhor no espírito humano. Suas medalhas são mais do que vitórias pessoais; são um símbolo de esperança para milhões de refugiados em todo o mundo”, declarou Grandi. 

Clements destacou que os atletas “mantiveram seus sonhos de se tornarem campeões vivos, apesar das adversidades contra eles. Eles exemplificam a coragem, perseverança e trabalho árduo que os refugiados colocam na construção de novas vidas e oportunidades.” 

Com duas medalhas já garantidas e mais competições por vir, a Equipe Paralímpica de Refugiados continua a inspirar, provando que, apesar das circunstâncias adversas que os fizeram se deslocar e buscar proteção em outros países, suas conquistas marcam o potencial que eles têm, seja no esporte, seja na vida. 

Equipe Paralímpica de Refugiados desfilando na abertura da Paralimpíada de Paris 2024.

Equipe Paralímpica de Refugiados desfilando na abertura da Paralimpíada de Paris 2024.

Sobre a equipe

Esta é a terceira vez que a Equipe Paralímpica de Refugiados compete nos Jogos. A primeira equipe, composta por dois atletas refugiados, competiu nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016. A equipe cresceu para seis em Tóquio 2020 e, em Paris, oito atletas refugiados e dois guias estão competindo em seis dos 22 esportes – atletismo, halterofilismo, tênis de mesa, taekwondo, triatlo e esgrima em cadeira de rodas. 

Com duas medalhas conquistadas, a Equipe Paralímpica de Refugiados está superando o já extraordinário feito da Equipe Olímpica de Refugiados, que teve um sucesso épico em Paris 2024, ganhando sua primeira medalha, um bronze no boxe feminino. 

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) está em parceria com o Comitê Paralímpico Internacional (CPI), o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Fundação Olímpica para Refugiados para apoiar os refugiados nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos em Paris, com a Equipe Paralímpica de Refugiados competindo sob a bandeira do CPI.