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Famílias brasileiras e refugiadas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul celebram o Dia Mundial do Refugiado em Porto Alegre

Comunicados à imprensa

Famílias brasileiras e refugiadas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul celebram o Dia Mundial do Refugiado em Porto Alegre

21 Junho 2024
As amigas venezuelanas Agnes e Celeny aproveitaram o evento do Dia Mundial do Refugiado para recordar do seu país, saboreando as arepas enviadas por um restaurante colombiano: ajuda mútua para superar as dificuldades causadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. ©ACNUR / Ricardo Ara

Porto Alegre, 20 de junho de 2024 – As marcas da maior enchente do Rio Grande do Sul, ocorrida há mais de um mês, ainda estão visíveis nas casas, nas ruas e na memória dos moradores do bairro Sarandi, um dos mais afetados em Porto Alegre, capital do Estado. Muitos deles são pessoas refugiadas que estão reconstruindo suas vidas no Brasil e que tiveram significativos prejuízos materiais e emocionais em consequência das fortes chuvas que se abateram sobre a cidade.

Mas a resiliência e a força das pessoas refugiadas, acostumadas a superar desafios e seguir adiante, ficou evidente no evento que marcou o Dia Mundial do Refugiado na capital gaúcha. Reunidos em uma singela confraternização, pessoas refugiadas moradoras do bairro Sarandi interagiram com famílias brasileiras da mesma comunidade para agradecer a acolhida, reconhecer o apoio recebido neste momento difícil e reafirmar a disposição em reconstruir suas vidas mais uma vez.

“Nossos vizinhos, assim como nós, ficaram sem nada e fomos para abrigos da cidade. Agora, juntos, estamos trabalhando para reerguer o que é nosso”, afirma venezuelana Eugenia, que vive em Porto Alegre desde 2021 e é uma das líderes comunitárias da rua onde vive com outras 88 famílias brasileiras e venezuelanas. Suas casas ficaram alagadas por um mês e ninguém sabe quando poderá voltar para casa.

“Estou encantada com os brasileiros, que me doaram roupas. São muito humanitários”, afirma a também venezuelana Agnes, moradora do Sarandi desde 2023, quando chegou a Porto Alegre. “Com esta enchente, nos unimos. Ajudamos uns aos outros e sempre estamos pendentes, mesmo com quem não conhecemos”, ressalta Celeny, vizinha de Agnes e que chegou na capital gaúcha dois dias antes do início das fortes chuvas que inundaram grande parte da cidade. Ambas perderam roupas, calçados, móveis e aparelhos eletrodomésticos e foram apoiadas por organizações sociais que atuam no bairro.

Como forma de agradecimento ao acolhimento da população do Rio Grande do Sul às pessoas refugiadas, um casal de empresários colombianos preparou arepas (um salgado típico da Colômbia e da Venezuela) para serem distribuídas junto às refeições doadas pela organização não-governamental World Central Kitchen.

 

Famílias brasileiras e refugiadas atingidas pelas enchentes em Porto Alegre receberam itens de necessidade básica doados pelo ACNUR ao governo do Rio Grande do Sul. ©ACNUR / Ricardo Ara

As famílias brasileiras e refugiadas presentes no evento, realizado nas instalações da Aldeias Infantis SOS em Porto Alegre, tiveram acesso a serviços de aconselhamento e encaminhamento à documentação e assistência social, conforme sua preferência, com o apoio do Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR). Todas receberam itens de necessidade básica doados pelo ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) ao governo do Estado do Rio Grande do Sul, como mosquiteiros, lâmpadas solares e cobertores.

“As pessoas refugiadas são muito bem-vindas no Rio Grande do Sul, que tem um povo acolhedor e solidário. Elas deixaram suas casas por motivos de guerra e violência, e agora, assim como os gaúchos, foram afetados pelas mudanças climáticas. Somo todos serem humanos e temos que interagir com solidariedade, serenidade e esperança. Assim, dias melhores virão”, afirmou o vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, que participou do evento.

“Para nós, é muito emblemático marcar o Dia Mundial dos Refugiados para reconhecer a importância de pensar na vida dessas pessoas e lembrar que devemos ser solidários com elas e com as comunidades que as acolhem”, afirmou Eneas Palmeira, gestor da Aldeias no Rio Grande do Sul.

Também presente ao evento, o diretor da Associação dos Haitianos no Brasil, Andielout Bruneau, lembrou que conterrâneos moradores do bairro Sarandi também foram afetados pelas enchentes. Em contato com outras organizações sociais, sua associação tem repassado cestas básicas e outros itens de necessidade básica para famílias haitianas e brasileiras. “Nesse momento, temos que ajudar todo mundo”, afirma Bruneau.

 

Cerca de 300 famílias brasileiras e refugiadas receberam alimentos e doações durante o Dia Mundial do Refugiado: agradecimento ao acolhimento e à solidariedade da população do Rio Grande do Sul. ©ACNUR / Ricardo Ara

O Rio Grande do Sul tem uma larga tradição de acolhimento humanitário e já recebeu mais de 20 mil refugiados e migrantes da Venezuela por meio da estratégia de interiorização do governo brasileiro. Comunidades venezuelanas, haitianas, colombianas e afegãs, entre outras, encontraram no Estado um lugar para reconstruir suas vidas com dignidade e respeito aos direitos humanos.

Estima-se que as recentes enchentes afetaram cerca de 43 mil pessoas refugiadas ou com necessidade de proteção internacional. O ACNUR está presente no Estado, apoiando a resposta do governo brasileiro às famílias afetadas, brasileiras e refugiadas.

“O contexto atual não nos deixa festejar, e por isso optamos por uma ação simbólica para reconhecer o acolhimento de Sarandi às pessoas refugiadas, que chegaram aqui em busca de proteção e foram muito bem recebidos. As enchentes afetaram brasileiros e pessoas refugiadas, sem distinção. Com sua resiliência, experiência e força de vontade, as pessoas refugiadas podem colaborar com a reconstrução da comunidade”, afirmou Ana Scattone, coordenadora da equipe do ACNUR em Porto Alegre.

O Dia Mundial do Refugiado foi estabelecido em dezembro de 2000 pela Assembleia Geral da ONU para conscientizar sobre a situação das pessoas refugiadas no mundo.