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Português como língua de acolhimento: pessoas refugiadas concluem curso piloto promovido pelo ACNUR, UFAM e ADRA

Comunicados à imprensa

Português como língua de acolhimento: pessoas refugiadas concluem curso piloto promovido pelo ACNUR, UFAM e ADRA

5 Agosto 2024
As aulas foram oferecidas em parceria entre a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA). Foto: ACNUR/Paula Mariane
Manaus, 05 de agosto de 2024 — Numa sala de aula, lágrimas escorriam pelo rosto de uma mulher venezuelana logo após conquistar o certificado de conclusão em um curso de português. O choro carregava também outras emoções, longe de casa, falando outra língua, vivenciando outra cultura.

O que pode ser apenas um papel para alguns, para os 20 concluintes do curso de português, é uma conquista importante. As aulas foram oferecidas em parceria entre a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA).  

O curso de português como língua de acolhimento foi articulado no contexto da Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM), implementada pelo ACNUR com instituições de ensino superior, incluindo a UFAM, que faz parte da Cátedra desde 2022.

 

“Hoje em dia, consigo falar muito bem o português. Falta muita coisa para aprender, mas, com dois anos que vou completar aqui, eu me sinto uma mulher preparada", afirma a venezuelana Alejandra. Foto: ACNUR/Paula Mariane.


Entre as concluintes do curso de português está a venezuelana Alejandra, 31 anos, que veio para o Brasil em agosto de 2022 em busca de melhores oportunidades para os filhos. “Consegui chegar aqui, trabalhando na rua, vendendo bolos e suco. Todo dia eu ia praticando [o idioma], ia falando e, graças a Deus, isso me ajudou muito”, relata. Os filhos também a ajudavam com o que aprendiam na escola. “Como eles são pequenos, aprendem mais rápido”, diz.  

A vivência a ajudou a desenvolver as habilidades de fala. Contudo, ainda precisava melhorar a escrita. Por isso, o curso foi decisivo. “Eu me sinto contente e afortunada”, comemora. “Hoje em dia, consigo falar muito bem o português. Falta muita coisa para aprender, mas, com dois anos que vou completar aqui, eu me sinto uma mulher preparada. A melhor experiência que levo é ter o meu certificado”, celebra. 

Para Erika, o impacto das aulas supera o aprendizado da língua: para ela, a experiência de conviver com conterrâneos foi crucial. Foto: ACNUR/Paula Mariane

A venezuelana Erika, 21, relata que a experiência no curso foi “excelente”. O impacto das aulas supera o aprendizado da língua: para ela, a experiência de conviver com conterrâneos foi crucial. “A melhor experiência que levo é conhecer pessoas da Venezuela. É satisfatório vir de longe e encontrar muitas pessoas que você não pensaria em conhecer”, comenta. Erika se diz apaixonada pelo idioma que a acolheu e pretende prosseguir com os estudos. “Quero estudar muito português para falar perfeitamente, porque eu amo falar português.” 

“O curso de português é uma das ferramentas que facilita o acesso das pessoas deslocadas à força aos seus direitos", destaca a assistente sênior de Soluções Duradouras do ACNUR, Rebeca Duran. Foto: ACNUR/Paula Mariane

Primeiro passo para a inclusão no Brasil com apoio do ACNUR

O aprendizado do português é um passo importante para a inclusão efetiva das pessoas deslocadas à força acolhidas no Brasil. “O curso de língua portuguesa é uma demanda que percebemos ser fundamental para a integração local e social das pessoas refugiadas e outras com necessidades de proteção internacional, particularmente no contexto urbano”, explica Rebeca Duran, assistente sênior de Soluções Duradouras do ACNUR. “O curso de português é uma das ferramentas que facilita o acesso das pessoas deslocadas à força aos seus direitos." 

O curso foi planejado coletivamente, considerando as demandas da comunidade deslocada à força. “O nosso intuito é expandir essa iniciativa, atingir outros públicos com necessidades de proteção internacional e, assim, garantir, de forma acolhedora, o ensino de português para as populações refugiadas em Manaus” afirma Rebeca.

O curso de português é oferecido no Centro de Apoio e Referência a Refugiados e Migrantes (CARE) de Manaus, administrado pela ADRA. Foto: ACNUR/Paula Mariane

O curso de português é atualmente oferecido no Centro de Apoio e Referência a Refugiados e Migrantes (CARE) de Manaus (Avenida Maués, n.º 120, Cachoeirinha), administrado pela ADRA, e onde pessoas deslocadas à força podem encontrar apoio para confeção de currículos, encaminhamento para empregos, cursos profissionalizantes e de idioma, como explica Eduardo Santos, supervisor de Meios de Vida da ADRA. Para ele, as aulas de português não apenas desenvolvem competências linguísticas, mas "trazem esperança para o público refugiado, migrante e apátrida”. Saiba mais sobre o CARE

Para a coordenadora do curso de Letras da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Luana Ferreira Rodrigues, é importante pensar a língua portuguesa como uma forma de acolhimento às pessoas deslocadas à força. “A língua tem esse impacto social de inclusão e integração”, afirma. “O curso tem o objetivo de contribuir com a integração de refugiados e migrantes à sociedade amazônica. É o que buscamos enquanto educadores e coordenadores desse projeto em parceria com a ADRA e o ACNUR.”

Formatura do Curso de Português como Língua de Acolhimento, realizado no Centro de Apoio e Referência a Refugiados e Migrantes (CARE), em Manaus (AM). Foto: ACNUR/Paula Mariane

Sobre a Cátedra Sérgio Vieira de Mello

A relação institucional do ACNUR com as instituições de ensino superior no Brasil deu um passo à frente em 2003, por meio da implementação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM). Trata-se de uma plataforma de cooperação, mediante adesão voluntária de universidades, em quatro áreas de ação principais: ensino, pesquisa, extensão e diálogos para construção de políticas públicas.

Mais informações estão detalhadas na página da Cátedra Sérgio Vieira de Mello do ACNUR.