Mediação intercultural e violência contra pessoas refugiadas são temas de workshop e palestra do ACNUR na Paraíba

Compartilhar conhecimentos sobre proteção internacional, experiências sobre mediação intercultural e promover a reflexão e o debate sobre a necessidade de enfrentamento das violências cometidas contra pessoas refugiadas, migrantes e população LBGTQIAP+ no Brasil. Esses foram os objetivos de duas atividades promovidas na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e que contaram com a participação da equipe do ACNUR na última quarta-feira, 16.

A primeira atividade foi um workshop com estudantes do curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas às Negociações Internacionais. Na ocasião, Lyvia Barbosa, assistente de proteção do ACNUR, falou sobre mediação intercultural em situação de deslocamento forçados. Entre os destaques levados para o workshop esteve a experiência com mediadoras e mediadores culturais afegãos. A figura de mediadores tem sido essencial no atendimento, acolhimento e integração das pessoas vindas do Afeganistão para o Brasil. Eles atuam tanto na recepção no aeroporto de Guarulhos quanto nos abrigos da região metropolitana de São Paulo.

Sidney Lima de Assis Silva, estudante do sétimo período do curso, foi um dos participantes do workshop. Para ele, a capacitação foi importante tanto para conhecer sobre o dia a dia de trabalho quanto para refletir sobre a responsabilidade assumida nas mediações. “Compreender as nuances culturais e as dinâmicas de poder que envolvem os migrantes é crucial para atuar efetivamente em contextos internacionais que envolve pessoas vulnerabilizadas. Essa formação ampliou minha perspectiva sobre como posso contribuir como um futuro profissional de línguas estrangeiras aplicadas às negociações internacionais, para soluções mais humanas e eficazes em negociações que envolvam diferentes povos e culturas”, afirmou.

Identificação de vulnerabilidades e enfrentamento de violências

Ainda na quarta-feira, 16, a assistente de proteção do ACNUR Lyvia Barbosa integrou a mesa Violências contra migrantes e população LGBTQIAP+, dentro da programação do II Simpósio Internacional sobre Violência (SISV). Também fizeram parte da mesa o promotor João Benjamim Delgado Neto, do Ministério Público da Paraíba, e o professor Roberto Vilmar Satur, do Programa de Pós-graduação em Gestão nas Organizações Aprendentes (PPGOA/UFPB).

Assistente de proteção do ACNUR Lyvia Barbosa integrou a mesa Violências contra migrantes e população LGBTQIAP+, dentro da programação do II Simpósio Internacional sobre Violência (SISV)

©️UFPB/Divulgação

“Na oportunidade, debatemos sobre o reconhecimento das pessoas refugiadas e migrantes, seus direitos no Brasil, as legislações que as protegem e as diversas vulnerabilidades em que vivem essas populações. É importante que esse conhecimento seja tratado em diferentes esferas, como foi o Simpósio, para que profissionais de diferentes áreas consigam não apenas identificar as violências cometidas contra pessoas refugiadas e migrantes, mas também as formas de enfrentamento””, afirma Lyvia.

Para o professor Roberto Vilmar Satur, envolvido na organização das duas atividades conduzidas pelo ACNUR,  a troca de conhecimentos com quem está trabalhando com o assunto diariamente é bastante rica, tanto para estudantes para profissionais. “São muito relevantes eventos como a orientação para os alunos do curso que forma negociadores internacionais e mediadores interculturais, pois eles precisam saber como atuar em áreas tão sensíveis como é o caso da imigração e especialmente do refúgio. E a fala durante o Simpósio trouxe para o público um panorama geral, mas também detalhado e zeloso da situação da violência contra migrantes e refugiados no Brasil. Esse tipo de abordagem é fundamental para dar visibilidade a quem quase sempre é invisível ou passa despercebido do dia a dia das pessoas”, declara.

Desde 2014, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) integra o grupo de instituições de ensino superior vinculadas à Cátedra Sérgio Vieira de Mello.