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Prêmio Nansen

Prêmio Nansen

O Prêmio Nansen foi criado em 1954 e recebeu este nome em homenagem aos trabalhos do humanitário, cientista, explorador e diplomata norueguês Fridtjof Nansen, sendo uma premiação que reconhece e celebra os trabalhos de indivíduos, grupos ou organizações prestado aos refugiados.
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Todos os anos, o Prêmio Nansen homenageia um indivíduo ou organização que dedicou seu tempo e fez a diferença na tarefa de proteger pessoas deslocadas à força de suas casas. O Prêmio recebeu o nome de Fridtjof Nansen – valente explorador norueguês dedicado às causas humanitárias que serviu como o primeiro Alto Comissário para Refugiados da Liga das Nações – e busca, por meio de seus homenageados, mostrar os valores de perseverança e compromisso de Nansen diante da adversidade. Além da premiação global, desde 2017, os vencedores regionais também são reconhecidos por seus esforços humanitários.

Em caráter inédito, o ano de 2024 marca o reconhecimento da atuação de mulheres no contexto humanitário, destacando seu papel crucial na busca de soluções para que as pessoas deslocadas de forma forçada em todo o mundo estejam protegidas e integradas nas comunidades de acolhida.

Mulheres premiadas em 2024

Irmã Rosita Milesi

Irmã Rosita Milesi, que há quase 40 anos defende os direitos e a dignidade de pessoas em movimento, reconhecida com o Prêmio Nansen do ACNUR 2024

 

Cinco mulheres pioneiras – uma religiosa, uma ativista, uma empreendedora social, uma trabalhadora humanitária voluntária e uma defensora pelo fim da apatridia – são homenageadas como vencedoras do Prêmio Nansen do ACNUR 2024, da Agência da ONU para Refugiados. São elas:

Irmã Rosita Milesi (Brasil) - Laureada Global 

Irmã Rosita Milesi, a laureada global do Prêmio Nansen para Refugiados do ACNUR em 2024, é uma irmã brasileira, advogada, ativista social e líder de movimentos que tem defendido os direitos e a dignidade das pessoas em deslocamentos por quase 40 anos.

Inspirada por sua fé católica e liderando pelo exemplo, ela assistiu pessoalmente milhares de pessoas refugiadas, migrantes, apátridas e outras que necessitam de proteção internacional – ajudando-as a obter abrigo, comida, assistência médica, treinamento em idiomas, empregos e documentação legal no Brasil. Irmã Rosita dirige uma organização humanitária de linha de frente (o Instituto Migrações e Direitos Humanos, ou IMDH) e também publica e compila artigos acadêmicos sobre deslocamento e migração. Além disso, coordena uma rede nacional, conhecida como RedeMir, que engloba cerca de 70 organizações  que atuam para fortalecer a solidariedade entre as pessoas em movimento e as comunidades que as acolhem.

As percepções políticas e a habilidade de persuasão da Irmã Rosita foram fundamentais na formulação da Lei Brasileira de Refugiados de 1997, garantindo que ela proteja, inclua e empodere mais as pessoas forçadas a se deslocar, alinhando-se a padrões internacionais, como a Declaração de Cartagena de 1984. Ela também desempenhou um papel crucial ao reunir diversos interessados e mobilizar parlamentares na criação da Lei de Migração de 2017 no Brasil.

Atualmente com 79 anos, Irmã Rosita nasceu Brasil, no Estado do Rio Grande do Sul, e possui cidadania brasileira e italiana. Ela é membro da Congregação Scalabriniana, conhecida por seu serviço a refugiados e migrantes.

Conheça as vencedoras regionais:

África - Maimouna Ba

África - Maimouna Ba

Maimouna Ba, a vencedora regional do Prêmio Nansen do ACNUR 2024 para a África, é uma ativista de base em Burkina Faso que ajudou mais de 100 crianças deslocadas a voltarem para a sala de aula e empoderou 400 mulheres deslocadas a conquistarem independência financeira.

Nascida na região do Sahel, Ba faz parte da primeira geração de mulheres de sua família a obter uma educação formal. Superando inúmeros obstáculos, ela obteve um diploma de bacharel em marketing e gestão. Ainda adolescente, quando o conflito eclodiu em 2016, Ba começou a mobilizar apoio para mulheres e crianças deslocadas que buscavam refúgio em sua comunidade. Ela arrecadou doações, garantiu patrocínios e tornou-se uma defensora vocal dos direitos e do bem-estar dessas pessoas.

Convencida de que a educação e a autonomia financeira são ferramentas indispensáveis para lidar com as consequências devastadoras da crise humanitária, Ba co-fundou uma organização que capacita mulheres para serem empreendedoras, combate a violência de gênero e promove condições de paz. Um programa de bolsas de estudos que ela criou para crianças órfãs oferece oportunidades educacionais, apoio psicossocial e proteção contra exploração.

Atualmente com 28 anos, Ba ganhou o título carinhoso de "Maman Sahélienne" ou "Mãe do Sahel", em reconhecimento à sua liderança e impacto. Seu profundo compromisso com a paz e o empoderamento foi reconhecido também no Young Activists Summit de 2023 em Genebra, onde foi homenageada como uma das cinco laureadas.

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Ásia e Pacífico - Deepti Gurung

Ásia e Pacífico - Deepti Gurung

Deepti Gurung, a vencedora regional do Prêmio Nansen do ACNUR 2024 para a Ásia e Pacífico, é uma ativista nepalesa que lutou pela reforma das leis de cidadania de seu país após descobrir que suas duas filhas haviam se tornado apátridas.

O problema surgiu porque o pai das meninas havia abandonado a família, e a legislação nepalesa não permitia que as mães transmitissem sua nacionalidade para os filhos. Como resultado, as filhas de Gurung enfrentariam muitas das barreiras que as pessoas apátridas encontram, como a impossibilidade de obter certidões de nascimento, acessar cuidados de saúde ou educação, abrir contas bancárias ou até obter um chip para celular. Além disso, elas não poderiam votar, herdar terras, obter passaporte ou até mesmo ter carteira de motorista.

Em 2012, Gurung criou um grupo no Facebook na esperança de se conectar com outras pessoas na mesma situação e logo percebeu que havia "dezenas de milhares de mães nepalesas como eu". Ela então deixou sua carreira como diretora de marketing e começou a organizar manifestações, petições e protestos semanais para aumentar a conscientização pública e pressionar os legisladores. 

Trabalhando ao lado de outros ativistas de base, Gurung conquistou vitórias significativas nos tribunais e assegurou importantes reformas legais – incluindo uma emenda de 2015 que permitiu que crianças adquirissem a cidadania nepalesa por meio de suas mães. Até o momento, a medida permitiu que mais de 100 pessoas obtivessem a cidadania, incluindo as filhas de Gurung, e ajudou outras mil a obterem certidões de nascimento e outros documentos legais.

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Europa - Jin Davod

Europa - Jin Davod

Jin Davod, a vencedora regional do Prêmio Nansen do ACNUR 2024 para a Europa, é uma jovem empreendedora social que, com base em sua própria experiência como refugiada, criou uma plataforma online que oferece apoio em saúde mental para sobreviventes de traumas, incluindo refugiados e comunidades locais.

Nascida em Raqqa, na Síria, Davod fugiu com sua família para a Turquia em 2014 para escapar do conflito. Ela conseguiu retomar seus estudos, concluiu o Ensino Médio e iniciou um curso de Engenharia de Computação. No segundo ano da universidade, projetou e desenvolveu o Peace Therapist, uma plataforma online que conecta terapeutas licenciados com pessoas que lutam para superar eventos traumáticos. O mais importante é que a plataforma ajuda a superar barreiras linguísticas e culturais que muitas vezes impedem pessoas refugiadas a acessarem serviços de saúde mental.

Atualmente, o Peace Therapist conta com mais de 100 psicólogos oferecendo terapia em árabe, inglês, curdo e turco, tornando-o acessível de forma única para pessoas refugiadas, a quem foi criado para servir. Após os devastadores terremotos de fevereiro de 2023 que atingiram a Turquia e a Síria, a plataforma ampliou seu alcance, oferecendo serviços gratuitos e firmando parcerias com organizações internacionais para apoiar milhares de pessoas impactadas pelo desastre, incluindo membros da comunidade anfitriã. Os usuários relatam que o serviço os ajudou a recuperar a confiança, voltar a estudar, encontrar trabalho e contribuir para a coesão social.
 

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Oriente Médio e Norte da África - Nada Fadol

Oriente Médio e Norte da África - Nada Fadol

Nada Fadol, a vencedora regional do Prêmio Nansen do ACNUR 2024 para o Oriente Médio e Norte da África, é uma refugiada sudanesa que mobilizou ajuda essencial para centenas de famílias que fugiram para o Egito em busca de segurança.

Quando o Sudão entrou em conflito em abril de 2023, Fadol foi uma das primeiras a responder, fornecendo alimentos e água para os refugiados que chegavam em Aswan, no Egito. Ela já vive em território egípicio há muitos anos e utilizou suas conexões pessoais para reunir voluntários e conectar filantropos com os refugiados necessitados.

Até o momento, ela recrutou quase 100 pessoas – refugiados do Sudão, Iêmen e Síria, além de egípcios – para fornecer assistência vital em Aswan, Cairo e Alexandria. Eles têm trabalhado com a comunidade local para garantir moradia para os refugiados recém-chegados, criaram espaços seguros onde crianças refugiadas podem aprender e brincar, e organizaram oficinas para ajudar refugiados de várias idades a adquirirem habilidades e ganharem uma renda. Além disso, Fadol mobilizou um grupo de médicos egípcios que forneceram cuidados de saúde gratuitos para mais de 120 pacientes.

Para financiar esse trabalho, Fadol arrecadou doações de egípcios generosos, bem como da própria comunidade de refugiados. Ela está dedicada a ajudar outros a reconstruírem suas vidas no Egito, até que o Sudão seja seguro o suficiente para que possam retornar.
 

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Menção Honrosa - O povo da Moldávia

O povo da Moldávia receberá uma menção honrosa por seus esforços coletivos para acomodar mais de um milhão de pessoas que fugiram da guerra na Ucrânia.

Não há maior prova da força do espírito humano do que as ações coletivas de uma nação diante de uma crise esmagadora. Após a escalada massiva da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022, que forçou milhões de pessoas a atravessarem fronteiras em busca de segurança, o povo da República da Moldávia se mobilizou com corações e lares abertos. Em um país de apenas 2,5 milhões de habitantes, mais de um milhão de refugiados ucranianos encontraram segurança, com 124 mil ainda acolhidos no país.

Desde os primeiros dias da guerra, moldavos transformaram suas escolas, igrejas e casas em refúgios. Milhares de voluntários, movidos por um profundo senso de compaixão, trabalharam incansavelmente, muitas vezes por 14 horas por dia, para fornecer comida, abrigo e conforto àqueles que fugiam de horrores inimagináveis. Esse apoio espontâneo deu origem à iniciativa cívica Moldova for Peace, que uniu organizações de base, órgãos governamentais e cidadãos em uma missão conjunta de refúgio e inclusão.

O compromisso do povo moldavo vai além da resposta de emergência. É um projeto de longo prazo de inclusão e construção de comunidade, onde os refugiados não são apenas acolhidos, mas também recebem ferramentas e oportunidades para contribuir com a nova sociedade. Cidadãos moldavos e organizações da sociedade civil trabalham lado a lado para garantir que esses novos membros da comunidade tenham acesso à educação, emprego e serviços sociais, promovendo um sentimento de pertencimento em uma terra estrangeira. 

Apesar de seus próprios desafios internos, a Moldávia se destaca como um farol de humanidade. O país acolhe a maior proporção de refugiados em relação à população anfitriã da Europa, um poderoso indicador de sua profunda solidariedade. O povo da Moldávia não apenas ofereceu refúgio, mas também lançou as bases para uma sociedade mais inclusiva, incorporando o espírito de compaixão e resiliência global.

Quem foi Fridtjof Nansen?

Fridtjof Nansen serviu como o primeiro Alto Comissário para Refugiados na Liga das Nações após o deslocamento forçado de pessoas causado pela Primeira Guerra Mundial. Ele serviu de 1920 a 1930, reunindo esforços que ajudaram centenas de milhares de refugiados a retornar para casa e permitiram que muitos outros se tornassem residentes regulares nos países onde encontraram refúgio. Nansen viu que um dos maiores problemas enfrentados pelos refugiados era a falta de documentos de identificação reconhecidos internacionalmente. Ele estabeleceu o primeiro instrumento legal para conceder proteção internacional aos refugiados por meio de um documento que se chamou "passaporte Nansen". Como o primeiro Alto Comissário para Refugiados, Nansen organizou um programa de assistência para milhões de russos afetados pela fome de 1921-1922. Por seu trabalho crucial, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1922.

Informações para a imprensa

Se você é jornalista e precisa de apoio (com contato para entrevistas, credenciamento para a cerimônia, acesso a pacote de mídia, entre outros), entre em contato com o Secretariado do Prêmio Nansen pelo e-mail [email protected] para obter mais informações.