Apelo Global do ACNUR 2024: um chamado urgente à solidariedade internacional
Apelo Global do ACNUR 2024: um chamado urgente à solidariedade internacional
Conflitos, perseguições, guerras, crises climáticas e grave e generalizada crise de direitos humanos. São muitos os motivos que fazem com que alguém se veja sem alternativa além de deixar a terra natal para salvar a própria vida e a de sua família. Ao longo deste novo ano, a previsão é de que o número de pessoas forçadas a se deslocar supere os 130 milhões em todo o mundo — patamar três vezes maior que o de uma década atrás.
É para proteger e apoiar essas pessoas que o ACNUR publicou o Apelo Global 2024, documento apresentado aos estados membros da ONU durante a Conferência de Compromissos do ACNUR, em Genebra, entre 13 e 15 de dezembro passados. O relatório define as necessidades para este ano e as ações planejadas.
O Apelo Global 2024 destaca a urgência de arrecadar um total de US$ 10,6 bilhões, equivalente a R$ 52,2 bilhões, para apoiar aproximadamente 130,8 milhões de pessoas refugiadas em 133 países ao redor do mundo. Esses números representam não apenas previsões estatísticas, mas histórias humanas que dependem da solidariedade internacional para reconstruir e retomar as suas vidas.
O ACNUR conta com o apoio de doadores individuais, parceiros, setor privado, governos e qualquer interessado para cumprir sua missão. Em 2024, a Agência da ONU trabalhará para manter e aumentar o apoio entre os doadores governamentais e pretende arrecadar US$ 2 bilhões junto ao setor privado, atualmente responsável por 12% do financiamento global do ACNUR (cerca de US$ 800 milhões em 2023).
As necessidades e os desafios
"O sistema está sob pressão como nunca”, disse Filippo Grandi, alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, em mensagem no Apelo Global 2024. Ele cita crises diversos países como motivo para isso: “o ano de 2023 trouxe um novo conflito devastador no Sudão, a persistência da miséria na Ucrânia, uma série de golpes de estado na região do Sahel, mais violência na República Democrática do Congo, deslocamentos forçados em Mianmar e um novo conflito em Gaza, que aumentou riscos em toda a região”.
Não há perspectiva de que este ano seja diferente do anterior. “Lamentavelmente, não podemos descartar mais emergências em 2024, e o ACNUR responderá rapidamente com assistência e proteção para salvar as vidas daqueles forçados a se deslocar”, garante Grandi. A verba que o ACNUR busca arrecadar será investida na proteção e na assistência básica às pessoas que fogem de suas casas devido a conflitos, perseguições ou violência.
O investimento também será destinado a respostas rápidas e eficazes diante de crises humanitárias, induzidas por catástrofes naturais ou por conflitos; capacitação das pessoas refugiadas para que elas possam ser autossuficientes e ter oportunidades de estudo e trabalho nos países anfitriões; e fornecimento de soluções sustentáveis, seja por meio da integração local, seja por meio do repatriamento voluntário ou da reinstalação em outro país.
Urgência de financiamento em tempos difíceis
O ACNUR prevê que, em 2024, as necessidades das pessoas forçadas a se deslocar ultrapassarão US$ 1 bilhão tanto na Europa quanto na África Ocidental e Central. Já as regiões de Oriente Médio e Norte, Leste e Chifre da África e os Grandes Lagos da América do Norte necessitarão cada uma de um financiamento de mais de US$ 2 bilhões.
O orçamento global do ACNUR previsto para 2023 era de US$ 10,9 bilhões. No entanto, a organização arrecadou apenas 45% desse valor durante o ano, chegando a US$ 4,9 bilhões. Em comparação com 2022, são US$ 510 milhões a menos.
Em um contexto em que o subfinanciamento persistente ameaça os esforços humanitários, o Apelo Global 2024 serve como um chamado urgente à ação coletiva. Cada doação contribui para mitigar o sofrimento humano, proporcionando abrigo, assistência médica, educação e oportunidades para aqueles que perderam suas casas e a esperança. É um lembrete de que, juntos, podemos criar um impacto positivo duradouro na vida daqueles que enfrentam as crises mais desafiadoras em todo o mundo, inclusive a das pessoas refugiadas.
“Quando as operações do ACNUR são subfinanciadas, muitas vezes não há mais ninguém para preencher a lacuna. As pessoas que fogem da violência estão expostas a uma série de riscos e perigos, bem como a incerteza sobre o seu futuro”, reforça Filippo Grandi. “Queremos ajudar 24.000 refugiados do Burundi que querem voltar para as suas casas, por exemplo, mas a falta de recursos tornou isso impossível até agora. Quanto tempo o mundo ainda quer que eles esperem?”, questiona.
“Para cumprir o nosso mandato e fazer o sistema funcionar, precisamos de mais ajuda. Nós precisamos da sua ajuda”
Filippo Grandi, alto comissário das Nações Unidas para Refugiados
AJUDE O ACNUR A PROTEGER MAIS REFUGIADOS!
As áreas de foco em 2024
O ACNUR traçou atividades globais e regionais a serem implementadas, com áreas específicas de foco. Confira algumas:
- Meio ambiente
O Plano Estratégico para a Ação Climática 2024-2030 busca proporcionar melhores meios de preparação, resiliência e recuperação para pessoas que precisam se refugiar devido a questões climáticas ou que vivem em locais vulneráveis ao clima. Além disso, o ACNUR pretende minimizar impactos ambientais, com adaptações mais sustentáveis em sua operação.
- Apatridia
Os apátridas são pessoas sem nacionalidade reconhecida por qualquer país. O ACNUR trabalhará no Plano Estratégico 2023-2026: redobrar esforços contra a apatridia. Até 2024, o objetivo é que 70 mil apátridas adquiriram uma nacionalidade; e leis, políticas e procedimentos para a prevenção e a redução da apatridia sejam melhorados em 15 países. Também deve ser lançada uma aliança global para acabar com a apatridia no mundo.
- Populações afetadas por crises humanitárias
O ACNUR também se comprometerá com a elaboração de um plano de cinco anos para estabelecer ações de responsabilidade perante as populações afetadas por crises humanitárias. Tendo em vista que mais de três quartos das pessoas forçadas a se deslocar vivem nessas condições por até uma década, o ACNUR reforçará o apoio aos governos no fortalecimento de economias frágeis para que eles possam viver sem depender de ações de caridade.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) trabalha em 135 países para salvar vidas, proteger os direitos e garantir um futuro digno às pessoas que foram forçadas a se deslocar em virtude de conflitos, perseguições e graves violações de direitos humanos. Sua doação transforma a vida de quem foi forçado a deixar tudo para trás. Ajude refugiados hoje mesmo.