Em São Paulo, pessoas refugiadas recebem treinamento para trabalhar em hotéis e restaurantes
Em São Paulo, pessoas refugiadas recebem treinamento para trabalhar em hotéis e restaurantes
Dominar outros idiomas além do português é um diferencial importante para profissionais que trabalham no setor de hotelaria e de restaurantes. Pensando nessa oportunidade, um curso oferecido em São Paulo tem capacitado pessoas refugiadas e migrantes para oportunidades de emprego formal na área. A iniciativa, apoiada pelo ACNUR, é fruto de parceria entre a Missão Paz, a rede hoteleira Accor e o Sinthoresp, sindicato que representa a categoria.
As capacitações, que duram uma semana, começaram a ser oferecidas em agosto. São dois treinamentos distintos: um focado em formar camareiras e camareiros, e outro para garçonetes e garçons. Em apenas quatro meses, já são mais de 70 pessoas formadas e encaminhadas para o mercado de trabalho.
A venezuelana Claudia Caceres é uma das alunas formadas no curso para atender em restaurantes. No Brasil há menos de um ano, ela já possuía experiência no setor hoteleiro, mas nunca em hotéis de 4 ou 5 estrelas, que são o foco do curso. “Vale a pena o curso, vale muito a pena. O professor explica tudo com muita paciência, tudo detalhadamente. Gostei muito. Ele nos forma para novas oportunidades de trabalho aqui no Brasil”, afirma.
“A gente não pode perder essa oportunidade, porque a cada dia estamos construindo para aprender mais na vida, para estarmos melhores na sociedade também. Aprendemos a servir às pessoas, como prestar serviço de qualidade e de excelência a quem está no restaurante ou hospedado no hotel. Acho que já estão se abrindo portas para nós”, completa a boliviana Laura Marquina, também formada no curso para restaurantes.
Formação e contratação
As pessoas que participam do curso são identificadas a partir dos atendimentos realizados na Missão Paz. Segundo o coordenador de Programa de Inserção Laboral para pessoas refugiadas e migrantes, Marcelo Taniguti, são selecionadas pessoas que tenham interesse em trabalhar em hotéis e restaurantes e que tenham disponibilidade para a semana completa de curso. Com o apoio do ACNUR, também é fornecido o transporte dos alunos e alunas até o hotel escola do sindicato.
“O treinamento visa a capacitação técnica das pessoas refugiadas e migrantes para o mercado de trabalho e traz elementos culturais. Ele envolve a hospitalidade, empatia, acolhimento, que são valores também importantes para quem trabalha com migração e refúgio”, completa Marcelo.
De acordo com a gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão da Accor, Laís Souza, o curso surgiu a partir da demanda por formação de qualidade a profissionais recém-contratados pela rede, que antes recebiam treinamentos da própria equipe. Hoje, além de oferecer um curso reconhecido pelo mercado, a oportunidade também pode ser ampliada a mais pessoas. “É uma experiência muito enriquecedora para nós. Tivemos turmas muito diversas, com pessoas de distintas nacionalidades. Para nós, conectar as oportunidades com as pessoas refugiadas e migrantes que têm um segundo idioma, que têm uma vivência cultural para aportar para nossos times tem se mostrado uma experiência muito produtiva”, ressalta.
Para a associada de Soluções Duradouras do ACNUR, Camila Sombra, a iniciativa, que une formação e contratação, é um ótimo exemplo de como empresas podem atuar pela promoção da integração socioeconômica de pessoas refugiadas e migrantes no Brasil. “A Accor é uma das empresas mobilizadoras do Fórum Empresas com Refugiados, do ACNUR e do Pacto Global da ONU no Brasil. Esse é um exemplo de como as empresas podem ter um papel fundamental na integração de pessoas refugiadas e migrantes, seja na capacitação seja na contratação”, ressalta.