ACNUR participa de mutirão de atendimento a pessoas haitianas em São Paulo
ACNUR participa de mutirão de atendimento a pessoas haitianas em São Paulo

Herlerie vive há seis anos no Brasil e buscou mais informações sobre o processo de naturalização
Oferecer informações qualificadas e apoio em pedidos de naturalização, regularização da documentação brasileira, cadastros para vagas de emprego e cursos de português e profissionalizantes. Essas foram as principais atividades realizadas pela equipe da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) durante mutirão de atendimento a pessoas haitianas que vivem em São Paulo. A ação foi promovida pela Embaixada do Haiti e pela Missão Paz entre os dias 10 e 15 de março e alcançou mais de 900 pessoas.
A Missão Paz é parceira do ACNUR em iniciativas para ensino da língua portuguesa e para inserção de pessoas que necessitam de proteção internacional no mercado de trabalho formal brasileiro. Desde 2024, a organização conta com profissional haitiano contratado com o apoio do ACNUR para atender ao público em francês e crioulo, facilitando a comunicação com a população haitiana que busca pelos serviços oferecidos. Durante o mutirão, as pessoas também puderam se cadastrar para aulas de português e para iniciativas de empregabilidade – como cursos profissionalizantes e cadastro no sistema de oferecimento de vagas de emprego facilitadas pela Missão Paz.
O mutirão for organizado pela Embaixada do Haiti para emissão e renovação de passaportes, mas também contou com atendimentos para informação e apoio no processo de regularização de diferentes tipos de documentação. A equipe do ACNUR, junto com equipe da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, disponibilizou espaço específico para temas ligados à proteção e processos de naturalização.
Herlerie vive no Brasil há mais de seis anos e procurou a equipe do ACNUR para saber sobre o processo de naturalização. “Vim para renovar o passaporte do meu filho e aproveitei para perguntar sobre meu processo de naturalização. Já tentei fazer sozinha o processo, mas não deu certo. Então, vim saber qual a documentação que precisa, para fazer corretamente agora”, afirma. Para ela, foi importante ter o atendimento presencial, onde conseguiu tirar as dúvidas que tinha e já ser encaminhada para atendimento de apoio ao pedido. “Gostei muito do atendimento e agora espero conseguir me naturalizar. Gosto muito do Brasil, construí uma família aqui, tenho trabalho. Quer continuar minha vida no Brasil.”
Esse também é o desejo de Oda, que há 10 anos vive com a família em São Mateus, na região metropolitana de São Paulo. Ele conta que iniciou sozinho o processo de naturalização, que ainda não foi finalizado. “Faz tempo que dei entrada no processo. Já tem um ano que fiz a biometria, mas ainda não saiu o resultado. Então, fiquei sabendo que teria esse atendimento hoje aqui e vim para ver se alguém pode me ajudar”, conta.

O haitiano Oda buscou mais informações sobre o processo de naturalização, que iniciou sozinho, mas anda não foi finalizado
A Assistente de Proteção do ACNUR, Joana Lopes, fez parte da equipe que realizou os atendimentos ao longo da semana. “Ter esse momento de atendimento presencial, com a possibilidade de facilitação por profissionais que falam o crioulo, faz muita diferença. Muitas pessoas que buscaram nosso atendimento já haviam tentado sozinhas o processo de naturalização e não conseguiram fazer o acompanhamento. Aqui, conseguimos dar informações precisas sobre o processo e encaminhar para alguns serviços de atendimento. Além disso, quem aguardava o atendimento conseguia saber mais sobre o mercado de trabalho e até ser encaminhado para oportunidades de emprego formal no Brasil”, conta.
No Brasil, a população haitiana corresponde a 11% das 793 mil pessoas com necessidade de proteção internacional acolhidas. A estimativa é que mais de 46 mil dessas pessoas estejam em empregos formais no país.