8M: conheça histórias e trajetórias de mulheres refugiadas que movem mundos para sobreviver e prosperar
8M: conheça histórias e trajetórias de mulheres refugiadas que movem mundos para sobreviver e prosperar
Globalmente, elas representam cerca da metade das 100 milhões de pessoas forçadas a se deslocar, mas os desafios que enfrentam são, muitas vezes, desproporcionalmente maiores. Mesmo assim, ao serem forçadas a sair de suas casas, movem mundos inteiros para sobreviver e construir uma vida melhor para si, suas comunidades e famílias.
A discriminação contra as mulheres e meninas é causa e consequência do deslocamento forçado e da apatridia. Muitas vezes, a situação é agravada por outras circunstâncias, como a origem étnica, deficiências físicas, religião, orientação sexual, identidade de gênero e origem social.
Os caminhos que as mulheres percorrem em busca de refúgio são repletos de riscos. Elas são expostas à violência sexual, física e psicológica, incluindo a exploração sexual e laboral cometida por grupos criminosos ou até mesmo pessoas de sua comunidade. Mesmo assim, elas enfrentam os perigos de longas jornadas para chegar a um lugar onde possam viver sem violência.
O ACNUR oferece proteção a mulheres e meninas em todas as etapas do deslocamento forçado, para promover sua integração sustentável e solidária nas comunidades que as acolhem. Neste 8 de março, conheça histórias e trajetórias dessas #MulheresQueMovemMundos.
Shamsa Amin Ali, Somália
Shamsa resistiu até quando pode, mas as secas extremas erradicaram qualquer possibilidade de oferecer alimento para os filhos, forçando-a a cruzar uma fronteira e buscar proteção no país vizinho, o Quênia. “A seca é pior do que o conflito em curso na Somália, tornou a vida ainda mais difícil. Imagine não poder alimentar seus filhos e eles dormirem com fome,” disse.
A falta de comida também esteve presente durante a jornada de oito dias a pé até o campo de refugiados de Dadaab, onde vive atualmente com seus filhos e sua mãe, de 82 anos. “Nunca passei por esse tipo de seca. Isso me forçou a fugir do meu país em busca de comida”.
Mudanças climáticas aumentam os desafios enfrentadas por mulheres como Shamsa. Elas precisam de alimento para si e sua família, doe agora.
Wiins Marin, Venezuela.
Nem sempre a autoestima de Wiins foi alta. Muito pelo contrário. Ela pode recuperá-la aos poucos após conseguir assumir sua verdadeira identidade de gênero de forma segura. É por isso que a jovem esteticista atua como voluntária no projeto “Corte Solidário”, em Manaus, uma inciativa organizada pela comunidade de refugiados e migrantes para transmitir mensagens de proteção e fortalecer a autoestima das pessoas assistidas nos espaços de acolhida em Manaus.
“Queremos mais respeito, inclusão, igualdade, tolerância e empatia. É cansativo se reafirmar para a sociedade o tempo todo, mas não podemos desistir”. No projeto, pessoas refugiadas e brasileiras oferecem gratuitamente cortes de cabelo nos mais diversos estilos a pessoas em situação de vulnerabilidade, independentemente de gênero, origem ou condição. “Se resistirmos, nossa voz soará mais forte que a intolerância”.
Inna, Ucrânia
Saúde mental e cuidados psicológicos são essenciais para que pessoas refugiadas possam enfrentar os desafios do deslocamento forçado, em especial em situações de guerra, como é o caso da Ucrânia. Como psicóloga, Inna entende isso muito bem. Desde que foi forçada a sair do país, em fevereiro de 2022, ela está ajudando sua comunidade – de crianças a adultos – a lidarem com os efeitos traumáticos da guerra.
Inna trabalha em um centro de acolhimento de refugiados ucranianos na Polônia apoiado pelo ACNUR, e realiza sessões semanais de cuidados com estresse, cuidados específicos para mulheres, bem como sessões de aconselhamento individual e arteterapia.
“Ninguém está preparado para essas experiências”, afirma Inna sobre o trauma de vivenciar uma guerra. “Mas a maioria dos refugiados que passam por eventos estressantes não pensa em pedir ajuda. Eles continuam vivendo com a 'mentalidade de sobrevivência' que desenvolveram durante os tempos de crise, e suas feridas só se aprofundam”.
Estima-se que mulheres e crianças sejam 90% das pessoas refugiadas da Ucrânia. Apoie-as hoje mesmo, doe agora.
Mulheres pela Paz, Sudão do Sul
Seus filhos, companheiros e parentes estão há anos lutando em conflitos armados. Entre as consequências, elas e outras mulheres vêm sofrendo com violência sexual em meio aos ataques a suas comunidades. Até que decidiram agir e, como resposta, se uniram para promover a paz.
Em 2019, criaram a Associação de Mulheres Magwi Payam, um grupo comunitário independente no sudeste do Sudão do Sul, atualmente com 35 mulheres. Muitas foram refugiadas em Uganda e retornaram, e agora procuram proativamente oportunidades para resolver conflitos na área.
O ACNUR também está trabalhando diretamente com a Associação de Mulheres para fornecer treinamento em habilidades empresariais e capital inicial para alfaiataria e outras atividades de pequenos negócios, com o objetivo de ajudá-las a obter uma renda segura.
Sanam, Afeganistão
Sanam é o único membro de sua família que ganha uma renda desde a morte de seu pai. “Eu estava tão orgulhosa de ser capaz de sustentar minha família como um homem. E minha família também está muito orgulhosa de mim, por poder apoiá-los como uma menina”, disse ela.
Sua renda mensal já caiu dois terços desde que novas restrições de gênero foram introduzidas no Afeganistão e as existentes, reforçadas. “É difícil ir ao bazar. Não posso ir todos os dias agora e também preciso de um Mahram (guardião masculino, que é parente da família) comigo. Isso significa que é mais difícil comprar materiais para o trabalho e é mais difícil vender meus produtos. Antes, eu ganhava cerca de 7.000 afeganes por mês (US$ 78), mas agora só consigo ganhar cerca de 2.000 (US$ 22)”.
Insegurança alimentar, inflação alta e instabilidade econômica são uma realidade para milhões de mulheres no Afeganistão. Você pode ajudá-las, doe agora.
Samia, Mianmar
Depois de chegar a Bangladesh, após uma viagem traumática desde Mianmar, Samia ficou consternada ao ver a floresta sendo destruída à medida que as árvores eram derrubadas para dar lugar a abrigos para o campo de refugiados. “Quando cheguei aqui, vi pessoas matando animais, cortando árvores jogando lixo em todos os lugares”.
Samia então integrou um grupo de jovens voluntários treinados pelo ACNUR e parceiros com o objetivo de identificar problemas ambientais e apresentar suas próprias soluções para eles. Para ela, foi uma oportunidade de educar sua família, amigos e vizinhos sobre a importância de proteger as árvores e a vida selvagem local que aparece pelo acampamento. Ela e o restante de seu grupo realizam sessões de conscientização com crianças, adultos e líderes locais, como imãs.
Esses projetos são financiados com apoio de pessoas como você. Ajude agora!
Mujeres Fuertes, Venezuela
Oportunidades de empregabilidade são essenciais para garantir que mulheres refugiadas possam recomeçar em segurança em um novo país, especialmente se elas são chefas de família. Entre a adaptação ao novo lugar e aprendizado do novo idioma, elas também são responsáveis pela integração de seus filhos.
A iniciativa “Mujeres Fuertes”, do ACNUR e parceiros, apoia a capacitação profissional de mulheres venezuelanas no estado do Amazonas como uma forma de incentivá-las a buscar autonomia e renda.
“Muitas coisas aprendemos aqui no laboratório. Com o certificado do curso, o próximo passo é conseguir montar meu próprio negócio para conseguir conciliar casa e trabalho com mais tranquilidade”, comenta Yoheli Carolina, 36, uma das participantes que vive no Brasil com seus dois filhos. Mãe solo em Manaus, diariamente ela divide o tempo entre preparar os meninos para a escola, organizar as tarefas domésticas e produzir trufas para custear o aluguel da casa onde moram, em uma vila na Zona Leste da cidade.
Ao apoiar mulheres refugiadas, você impulsiona todas e todos ao seu redor. Doe agora!